Festival Reggae Roots Dubtronic em Portugal

Outubro 27, foi o dia escolhido para a realização na cidade do Porto de um evento, que de certeza muitos fãns Reggae aguardavam com grande expectativa. Centrando-nos apenas nas personalidades que figuravam no cartaz, á primeira impressão, 

e para aqueles que de certa forma estão numa aprendizagem, de quem são, ou quem serão no momento as grandes figuras da música Reggae, as que realmente conseguem arrastar multidões, este, e inclusivé, o valor que foi pago pelo ingresso, foram desde logo pequenos senão, para todo o massive que está de certeza, "faminto" de eventos Reggae no nosso País. Da nossa parte, como convidados*, depois de termos viajado quinhentos e sessenta quilómetros, de Albufeira ao Porto, sabendo desde logo, o que encontraríamos numa actuação "live" dos Dub Syndicate, e tendo ainda reparado no mesmíssimo momento em que entrámos no Teatro Sá Da Bandeira, os verdadeiros instrumentos - bateria, baixo, guitarra e teclas, admito que ficámos mais descansados, mas já lá iremos mais á frente. O primeiro momento do festival, que muitos dos interessados infelizmente não tiveram conhecimento, decorreu apartir das 17 horas, no fórum Fnac, mais ou menos, cinquenta metros acima do referido Teatro. "O Dub Na Música Contemporãnea", era este o ponto de partida para uma conversa entre pessoas ápartida estreitamente ligadas á música Reggae. Dois disc jockeys do Porto, Pedro Mesquita e Carlos Moura, Peter Holdsworth da label britânica Pressure Sounds, Paulo Matos representando o programa de rádio - Solar Reggae, e a página Reggae Portugal, foram as figuras presentes (Greg Roberts dos Dreadzone também estava confirmado, mas um atraso na chegada do avião, comprometeu desde logo a sua presença), numa conversa moderada pelo Àlvaro Costa da Nova, estação de rádio que apoiou este evento. 

Da esq. - Jorge, Àlvaro Costa, Paulo Matos, Carlos Moura, Peter Holdsworth e Pedro Mesquita. 

Foi com uma enorme surpresa, que deparámos com um fórum Fnac repleto de fãns, e sobretudo muitos curiosos no assunto, o que veio mais uma vez provar

 aos mais cépticos, o que fiz questão de referir inúmeras vezes, é notório um "crescimento" do movimento Reggae em Portugal. A tertúlia terminou sensivelmente ás 18.30 minutos, deslocando-nos de seguida para o Teatro Sá Da Bandeira onde para além de decorrer os momentos finais do filme "The Harder They Come", ficámos mais uma vez surpreendidos pela positiva, ao depararmos com vários "Dreads" que vendiam artigos numa pequena feira artesanal, desde boinas, pequenas bolsas, cachimbos de madeira, comida Ital, e até mesmo CDs. Até por volta da uma da 

manhã o massive foi "aquecendo" com o som dos discos (Prince Far-I, Ward 21, Buju Banton, etc) trazidos de Londres por Peter Holdsworth da Pressure Sounds, misturados pelos DJs presentes. Já com tudo preparado para o início do concerto, o Teatro sem ter esgotado, estava sem dúvida com um ambiente extasiante. Eis que entram em palco os Dub Syndicate, Style Scott (bateria, um dos membros fundadores da mítica banda Roots Radics), Kenton "Fish" Brown (de Inglaterra, incansável na guitarra baixo), Ansell Collins (teclas, um dos membros da banda The Upsetters, músicos de estúdio de Lee "Scratch" Perry), Allan Adiri (teclas e Dub samplers), e por fim o veteraníssimo Dwight "Brother Dee" Pinkney (guitarra, personalidade que tocou na música "Put It On" dos Wailers no Studio One na década de sessenta, membro dos Roots Radics, etc). Uma hora e trinta e quatro minutos, foi o tempo de duração de um espectáculo impressionante, sem dúvida memorável, um momento clássico da banda que pisou pela primeira vez os palcos portugueses. Retemos três dos momentos altos da actuação, "How Could I Live" (original do falecido Dennis Brown, conduzida majestosamente pela guitarra de Dwight Pinkney), "Higher Than Higher", e "Double Barrell" (original de 1971 para Dave Barker & Ansell Collins, solenemente conduzido pelo último). 

Nos momentos finais do concerto, o próprio Style Scott agradeceu ao massive pela presença, e pediu desculpas por não ter nenhum merchandising, já que o pacote com CDs, T-Shirts, perdeu-se no correio desde San Sebastian em Espanha, até Portugal. Enquanto estávamos no backstage á conversa com Dwight Pinkney e Style Scott, e pelo meio de uma sessão de fotografias, já Manasseh Sound System com o selector Nick, e um toaster, faziam delirar o público com algumas das canções clássicas da música Reggae como "Dub Organizer" de Augustus Pablo, numa espectacular improvisação do toaster.Cerca das três da manhã, ainda com o Manasseh Soundsystem no auge, e outros projectos ainda a prepararem-se para actuar, lembrámo-nos que ainda tínhamos seis horas de estrada. Voltámos para Albufeira, cientes que existem várias coisas para fazer na questão de organização deste tipo de eventos, mas também convencidos do saldo muito positivo de que este tipo de iniciativas produzem, não só para a massificação deste género musical em Portugal, mas óbviamente para futuros eventos. Ficamos a aguardar.Agradecimentos muito especiais á organização do evento (Jorge Lopes*, etc).

Grande respeito ao Marcos Alves.